
Em 1888, o arquiteto Herculano Ramos já havia tentado fundar em Recife uma Escola de Belas Artes, porém não conseguiu alcançar os objetivos devido a falta de elementos persuasivos junto ao Império. O pintor Telles Júnior sonhava em criar uma Escola de Belas Artes no Recife, com o ensino similar ao da Escola Nacional de Belas Artes. Seus ex-alunos Mário Nunes e Álvaro Amorim, juntamente com Balthazar da Câmara decidem criar um atelier de pintura, mas não abandonam a idéia do mestre. Na década de vinte, o escultor Bibiano Silva, o arquiteto Jayme de Oliveria e o pintor Balthazar da Câmara, insistiam na idéia de Telles Júnior, de criar uma Instituição Educativa voltada para as Artes em Recife, estes visualizando as possibilidades legais que surgiam com a “Revolução de 1930” e as aberturas culturais que já ocorriam por volta de “1922” e as novas propostas educacionais que estavam a acontecer no país, procuraram os pintores Mário Nunes e Álvaro Amorim, para discutirem a criação de uma Escola de Belas Artes em Pernambuco.
Tornou-se uma constante as reuniões no atelier de Mário Nunes para se discutir a idéia revolucionária para as artes em Recife. Posteriormente já participam das reuniões, os pintores Murillo La Greca e Heinrich Moser, o professor João Alfredo, os bacharéis em direito Barreto Campelo e Luiz Cedro, conhecedores dos procedimentos legais na estrutura educacional. Em 1931 já lia-se nas colunas do jornalista Mário Melo, citações de apoio à importante Escola, colocando-a como um marco histórico cultural a ser concretizado por artistas e professores conceituados de Recife.
O Decreto-lei n° 20.351, de 31 de agosto de 1931, cria a Caixa de Subvenção para auxílio ao ensino técnico, abrindo caminhos para a melhoria da educação no país, deixando assim um maior ânimo para a oficialização do sonhado projeto da Escola. Sem perder tempo e mantendo a constância nos objetivos, no dia 29 de março de 1932, no Atelier de Mário Nunes, situado no segundo andar da Rua Joaquim Távora, 105, em Recife, reuniram-se os artistas e professores, Bibiano Silva, Álvaro Amorim, Balthazar da Câmara, Murillo La Greca, Henrique Elliot, Emílio Franzoni, Heinrich Moser, Mário Nunes, Luiz Matheus, Jayme de Oliveira e Georges Munier, para realizar a assembléia de Fundação da Escola de Belas Artes, elegendo-se como seu primeiro diretor, o escultor Bibiano Silva. Ficando decidido que a referida escola deveria seguir inicialmente os parâmetros da Escola Nacional de Belas Artes. Para que se mantivesse a continuidade no processo de oficialização foi criado um grupo que se chamou de “Comitê Pró-Escola de Belas Artes de Pernambuco”.
No dia 01 de junho daquele ano, conseguiu-se realizar um contrato de aluguel da casa conhecida como “Solar dos Amorim” na Rua Benfica, 150, no Bairro da Madalena, em nome de Bibiano Silva, Murillo La Greca, Luiz Matheus Ferreira e Jayme de Oliveira. Inicia-se então a montagem da Escola com seus espaços físicos, busca de doações de moveis e objetos didáticos, poderíamos citar também, os bustos de gesso emprestados pela “Loja Maçônica Conciliação”. No dia 15 de julho, foi oficializado publicamente a fundação da Escola de Belas Artes de Pernambuco. Segundo o Jornal Pequeno do dia 22 de agosto de 1932.

Todo o sacrifício, foi em vão, de nada adiantou tanta luta e desejo de melhorar o nível cultural do Estado, pois esta Escola foi posteriormente fechada. O fechamento do prédio da Escola de Belas Artes de Pernambuco, e a transferência dos cursos para o Centro de Artes e Comunicação por volta de 1978, gerou desentendimentos, onde vários alunos e professores protestaram contra a instalação construída no Centro de Artes e Comunicação, para as artes plásticas, pois num espaço que ocupava quase 60% na antiga Escola passaria então a apenas 10%, neste Centro. Como resultado dos protestos e reclamações, ficou decidido a criação, do “Espaço-Atelier Benfica” em 1979, sendo inaugurado em 1980 pelos professores: Laerti Baldini, Fernando Lúcio, Aurora de Lima e Suely Muniz, tendo como coordenador o professor Isidro Queralt Prat.
A destruição, do grande sonho dos mestres da arte de Pernambuco, não foi um ato apenas, conseqüente de mudanças sociais e políticas do país, foi um ato publicamente criminoso, de falta de responsabilidade, impulsionado por tendências, repugnantes, influenciadas por ideologias estéticas sem base sólida, que na época já prenunciava a decadência do ensino das artes no país. O reflexo dos plagiadores de modelos americanos e vários outros tipos, impostos na educação brasileira, por preguiça de se desenvolver métodos ideais para a estrutura intelectual brasileira, trouxe a conseqüência que já está sendo vista, nas próprias Universidades do país, e em nosso caso, nos cursos dirigidos para as Artes. Após a abertura política no país, também foi escancarada a porta das Instituições Educacionais, para deixar entrar, padrões que não foram experimentados no Brasil. Atualmente, o Ensino da Arte nas Universidades, abre espaço para qualquer tipo de ideologias, sem princípios didáticos maduros. Muitas instituições brasileiras de ensino, aceitam por uma determinada ética sombria, professores sem formação específica para as artes, que chegam até, a levar em consideração como valores de conteúdos didáticos, os movimentos partidários da arte e as tendências aleatórias da moda artística mundial, padrões de bienais, festivais de vanguarda, etc. Desprezando totalmente, a verdadeira missão do professor de arte, que é: “ensinar técnicas e métodos de desenvolvimento artístico, desenvolver a capacidade criativa do aluno e estimular a sua personalidade artística, ajudando-o na evolução de sua própria identidade intelectual”.
Na Escola de Belas Artes: O trabalho de pesquisa artística era constante, em escultura, pintura, desenho, gravura, etc.
No CAC: A metodologias foram se dispersando e em algumas vezes estimularam apenas o artesanato.

No CAC: o conteúdo e a forma da arte, perderam os valores, viraram ideias instantâneas ou plagios de outros artistas, por não haver mais prática e desenvolvimento da criatividade.

Em outubro de 1988, artistas e professores da UFPE, da Associação dos Artistas Plásticos Profissionais de Pernambuco, do Sindicato dos Artistas Plásticos Profissionais de Pernambuco, do Grupo de Artistas Plásticos Pesquisadores de Pernambuco (GAPP), de várias entidades Culturais e pessoas ligadas às artes em geral, realizam um movimento para reabrir o antigo edifício da Escola de Belas Artes de Pernambuco, mas os órgãos oficiais não foram sensíveis à importante solicitação, pois ainda havia “devotos da ditadura” dentro da Universidade Federal de Pernambuco. Claro que, a história da Escola de Belas Artes de Pernambuco apresenta tantos fatos importantes, que até nem caberia neste pequeno relato, mas vale à pena conhecer a verdadeira história da Arte de Pernambuco, que muitas vezes foi camuflada e nunca foi mostrada.
Movimento realizado em 1988 em defesa da reabertura da Escola de Belas Artes de Pernambuco.

Esta casa, na rua Benfica, no Bairro da Madalena, tombada pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, guarda no silêncio de suas paredes, um mistério sem explicação, sobre as manobras na Administração da Educação brasileira, e que ficarão por muito tempo sem serem desvendadas.

Olá quero parabenizá-lo pela postagem "A DESTRUIÇÃO DE UM PATRIMONIO: A ESCOLA DE BELAS ARTES DE PERNAMBUCO", gostaria muito de saber onde posso encontrar fontes primárias sobre este assunto. Agradeço desde já pela atenção. Meu e-mail é angelicaborges77@yahoo.com.br.
ResponderExcluirOLA ANGÉLICA,
ExcluirDEPOIS DE MUITO TEMPO SEM COMPUTADOR VOLTEI AO TRABALHO, E COMO NÃO VIA O BLOG JÁ FAZIA MUITO TEMPO NÃO TINHA LIDO O SEU COMENTÁRIO. O QUE ACONTECE É QUE EXISTEM POUCAS BIBLIOGRAFIAS SOBRE ESTA ESCOLA, QUE PASSOU PELA PROVAÇÃO DA DITADURA, POUCOS ARRISCARAM A ESCREVER SOBRE ELA NAQUELA ÉPOCA. NO ANO EM QUE A DITADURA TERMINOU EU FIZ UM MOVIMENTO PARA REABRI-LA MAS SÓ GANHEI INIMIGOS DENTRO DA UNIVERSIDADE (UFPE), POIS HAVIA AINDA MUITO RESQUÍCIO DA MALDITA ÉPOCA. EXISTEM ALGUMAS PESQUISAS DE PÓS GRADUAÇÃO NAS BIBLIOTECAS DO CENTRO DE ARTES E NO CENTRO DE EDUCAÇÃO DA UFPE, MAS LHE CONFESSO, SE VOCÊ SE INTERESSA REALMENTE PELO ASSUNTO IRÁ CONSEGUIR MUITA COISA NOS AQUIVOS DA UFPE, ONDE ESTÃO TODOS OS LIVROS RELATIVOS A ÉPOCA DA ESCOLA. QUALQUER DÚVIDA PODE ME ESCREVER, ESPERO TER ATENDIDO AO SEU PEDIDO, UM ABRAÇO!
fenandolucio.belasartes@gmail.com
FERNANDO LÚCIO - BELAS ARTES
Boa Tarde!
ResponderExcluirEstou a procura de informações sobre o acêrvo (iconografia) de Aloisio Magalhaes como relatos da sua participação na Escola de Arte de Pernambuco.
Atenciosamente
Maria Amélia
Ola Maria Amelia, o locais onde você poderá encontrar algumas informações sobre Aloísio Magalhães, são o Arquivo da UFPE e o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães em Recife. Abraço.
ExcluirFERNANDO LÚCIO - BELAS ARTES
Boa tarde, Eu li seu texto sobre a Escola de Belas Artes e gostaria de saber quem são as quatro pessoas na primeira foto.
ResponderExcluirAtenciosamente
Maria Gabriela
ola sou pesquisador de um artista alagoano e estudou na escola de belas artes, gostaria de saber se a possibilidade de ter acesso aos arquivos da escola, ainda existe? 1940 e 50...esse é meu conato : jeamerson38@hotmail.com
ResponderExcluirBoa tarde! Acabei de ler seu texto, muito bom, e estou pesquisando a respeito do Arquiteto francês Georges Munier. Você tria mais informações a respeito deste arquiteto? Ou você poderia me indicar onde posso encontrar informações sobre tal?
ResponderExcluirMeus Emails:
andressonag@gmail.com
2guerramundialhistoria@gamil.com