domingo, 10 de julho de 2011

O DESCASO COM AS ARTES PLÁSTICAS E O ESTÍMULO A BANALIZAÇÃO DOS VERDADEIROS VALORES ESTÉTICOS NO BRASIL.



No Brasil o descaso com o ensino das Belas Artes e com os verdadeiros conceitos das artes plásticas estimulou uma deficiência da consciência pública em relação ao gosto estético. Os novos padrões de ensino das artes plásticas foram deteriorando a sensibilidade visual do povo, os novos grupos monopolizadores dos padrões do ensino artístico conduziram o gosto dos brasileiros por um túnel partidário-estético. Existe uma atitude fria e calculista, já oficializada, que “castra a liberdade de expressão” de milhares de artistas plásticos. As instituições culturais estimularam a perda da personalidade perceptiva através de um bombardeio de determinadas ideologias e conceitos de arte. O resultado desta desorientação está no descaso com o ensino das artes plásticas, um problema que gerou uma grande quantidade de caminhos paralelos, que foram criados pelos próprios artistas para fugir desta ditadura do gosto, um fato bem visível nos tempos atuais.
A Arte faz parte da evolução dos seres humanos, está implícita no comportamento visual, assim como os ícones sexuais. Quando a sua naturalidade está sendo bloqueada, a evolução busca um novo caminho para continuar sua trajetória. No Brasil, muitos artistas plásticos fugiram da ditadura estética já oficializada nas escolas e encontraram uma saída através do autodidatismo e da expressão espontânea. Este desdobramento da ação criativa levou os artistas plásticos brasileiros a suprirem as suas ansiedades artísticas e sair do sufoco dos paredões do imperialismo oficial da arte. Hoje os parâmetros usados pelos artistas plásticos são bastante diversificados e a maioria luta por uma libertação dos modelos impostos pelas instituições, que ousaram ditar uma conduta de criação artística, há décadas. Fica bem claro, que o poder político se intrometeu e fez parceria com os condutores desta modernidade sem liberdade (ditadura), que a arte plástica no Brasil adotou, de uma certa forma.
Os trágicos resultados deste conflito de poderes obrigaram os “artistas plásticos livres” a se desdobrarem em varias alternativas, a lutar pelos ideais de conceitos sem imposição e buscar a sua personalidade estética por outros caminhos. Já quebrada a instituição das Belas Artes e substituída totalmente pelo método de formação ideológica, que impõe o estilo e o modelo partidário-estético a seguir pelo aluno, surgiu uma busca intensa por ensinamentos de artes plásticas que não eram regidos por estas ditaduras oficiais do gosto.  Já há algum tempo vem sendo notado no Brasil que existia por parte de iniciantes das artes plásticas, um desejo de não se submeter aos ensinamentos oriundos destas escolas de arte do “novo imperialismo do gosto”, pois muitos ensinamentos aplicados nestes locais vêm sendo conduzidos apenas pelo modelo de arte apresentado nas bienais e nos salões de arte padronizadas como “contemporânea” e já codificada como “conceitual”.



O CASTELO DO PODER SOBRE O GOSTO BRASILEIRO


Como resultado deste processo, houve uma tentativa de se libertar dos padrões impostos, criando-se uma diversidade de formas artísticas, que foi aos poucos sendo adotada pelos artistas brasileiros. Uma grande parte dos artistas plásticos optaram pela liberdade, se tornando autodidatas. O aprendizado das artes plásticas seguiu então dezenas de métodos livres e muitos conseguiram chegar aos níveis de evolução, livres, da ditadura da arte contemporânea, e conseguiram expressar uma qualidade artística com o seu próprio esforço.  Por outra parte, em meio a esta guerra de sobrevivência, surgiram os “plágios”, pois era um caminho que lhes estimulavam o desenvolvimento da criatividade, e ao mesmo tempo a falta de originalidade. Muitos, no processo de criação, copiavam padrões de imagens de diversas fontes e deixavam no seu esforço de elaboração marcas bem explícitas, destes códigos visuais. Por exemplo: A) a copia de figuras humanas de estórias em quadrinhos, trazia um novo estilo na forma humana. Houve uma adaptação destes desenhos, porque já não havia mais a vivencia do desenho com modelos vivos nas escolas. O percentual de padrões absorvidos, dos desenhos digitais de vídeo games de varias escolas de design do Japão e dos Estados Unidos, resultou numa grande perda de personalidade artística dos brasileiros. B) muitos artistas plásticos que sofreram discriminações por manter a identificação com padrões estéticos naturais foram apelidados de acadêmicos, tentaram ajudar os “seus irmãos de arte” a encontrar os seus próprios caminhos, abrindo ateliês e dando cursos de desenho e pintura. Porém, por ser um ensinamento sem o método de uma academia de Belas Artes, e devido a vários fatores que não ajudavam muito, como, a falta de espaço, a falta de dinheiro para pagar um modelo, a ausência de materiais específicos, impulsionou a um novo comportamento artistico, mas carente de técnica e originalidade. C) também houve a busca por técnicas artísticas em fascículos e compêndios de receitas rápidas, como foi o caso das coleções americanas que ensinavam a desenhar e pintar, mas que, teriam um melhor aproveitamento se usados com um mestre em presença física. O lado negativo destes fascículos foi que, estimularam desesperadamente a cópia e o plágio das imagens contidas nos referidos fascículos, desenvolvendo uma grande repetição de padrões e estilos por todo o Brasil. D) podemos ver que uma infinidade de quadros pintados no Brasil ficou com uma herança muito forte dos fascículos mágicos de aprendizado das artes plásticas. Os florais dos fascículos, também foram copiados intensamente, sem composição alguma, apenas signos repetidos, realistas, mais com uma infinidade de luzes e sombras fantasmas. E) o gesto de copiar sem avaliação estética e compositiva tomou conta do Brasil, tudo que tivesse uma boa aparência visual era copiado por muitos artistas, e criou-se no país, uma idéia erronia da arte plástica, que, significava apenas a capacidade de copiar, isto fez aumentar desordenadamente a quantidade de plágios. Depois da destruição dos cursos de Belas Artes, a repetição de padrões estéticos tomou conta da arte brasileira, além dos já conhecidos, “plágios da arte contemporânea”.


UMA ANATOMIA AMERICANA

O DESIGN AMERICANO DOS QUADRINHOS

O DESIGN JAPONES

DOS FLORAIS DECORATIVOS DOS FASCÍCULOS


Muitas pinturas de paisagens hoje, ainda salientam efeitos visuais que não são do nosso clima tropical, tornando-se uma imagem realista e anedótica. Os artistas que não tiveram os mestres acadêmicos buscaram uma evolução técnica, mas devido as fontes de referencia, muitos deixaram transparecer em suas pintura elementos bem estranhos a realidade pictórica local, como no caso dos efeitos atmosféricos estranhos, luzes e cores de paisagens de países muito frios e com atmosfera densa e muitas paisagens apresentam fundos que são muito associados a paisagem de Walt Disney nos desenhos em quadrinho.



ASPECTO ATMOSFÉRICO


UMA IMAGEM ANEDÓTICA


Esta nova geração de “arte imitada”, não é culpada por suas estranhas formas repetidas, pois foi o único caminho que a sociedade artística brasileira encontrou para se expressar depois do fim das Academias, na tentativa de fugir da ditadura estética brasileira chamada “arte contemporânea”, que foi imposta pelo poder corrupto das forças políticas e culturais do Brasil. O senso estético brasileiro ficou altamente bloqueado, chegou ao ponto de não se saber reconhecer nenhum valor artístico, fato comum atualmente, pois quando  interrogamos qualquer cidadão brasileiro em uma exposição numa galeria de arte, e indagamos sobre o valor artístico de uma obra, ele foge da resposta, pois alega apenas que não sabe se gosta ou não gosta de tal obra ou ainda se está na moda. Muitos pensam que “saber copiar toda sorte de imagem” é saber fazer arte e outros pensam que só são artistas “aqueles que seguem os ruídos perceptivos da arte conceitual (contemporânea)”. O povo brasileiro depois desta devassa na ordem do gosto, está perdido e o poder corrupto da cultura atual conseguiu deixar o brasileiro sem sensibilidade estética, apenas agindo como se fosse um robô, esperando as ordens das Bienais e dos críticos corruptos, para saber se gosta ou não de uma pintura ou de uma escultura.
O valor verdadeiro da arte brasileira ainda sobrevive, ainda podemos ver uma boa arte criada por artistas plásticos que resistiram ao “dantesco poder da corrupção cultural do Brasil”, nem a falta das Escolas de Belas Artes, nem a falta de apoio governamental impediram a evolução de muitos artistas plásticos autodidatas, mas que continuaram dando a arte brasileira um sentido estético, e por outro lado a grande autenticidade dos primitivistas brasileiros deve ser constantemente lembrada, pois eles nunca foram abalados em sua criação e ainda hoje, honram o que chamamos de arte brasileira legitima.   


UMA ARTE BRASILEIRA