quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O VAZIO DA ARTE CONTEMPORÂNEA

 
É inútil buscar conteúdo numa arte onde a forma não se define e já não tem personalidade estética, sabe-se que o significado brota do significante, que é a “forma”, condutora da idéia visual no estado imaginário ou físico. A forma na arte se processa através de um mecanismo natural da mente em conjunto com o corpo físico, manipulando a matéria e dando aspectos de semelhanças em relação ao ambiente e a vida, este aspecto visível é notado pelo autor do processo e por outros indivíduos. A arte das formas e da manipulação da matéria é chamada de artes plásticas, surge com a evolução de cada ser humano de forma natural e espontânea, desde os primeiros meses de vida. O fazer arte é tão vital quanto respirar e falar, pois se taparmos o nariz e a boca de uma pessoa, a sua vitalidade cessa. Criar uma forma é se projetar na matéria, manipulando-a e deixando que a personalidade se transfira para uma dimensão paralela, onde ali, a mesma represente o individuo num estado sutil, mas carregada de informações referenciais de si.


A ARTE DA MANIPULAÇÃO DA MATERIA: "ARTES PLÁSTICAS"

A CONDUÇÃO DA IDEIA VISUAL


A PERSONALIDADE SE TRANSFERE PARA A MATÉRIA

O individuo hoje está se afastando do seu processo artístico nato, onde construía seus próprios códigos visuais, ele está sendo levado a amputar mecanismos do seu instinto de comunicação icônica, que valorizava o ambiente e seus processos de mutação harmonicamente. Éramos formadores de signos junto à natureza, assim como faz uma centena de animais, construindo “códigos de formas” para comunicar a sua mutação, a sua relação com o mundo e os predadores, como também para criar o ambiente para o ritual de acasalamento. São atos de arte, simples, dos mais imperceptíveis aos mais sofisticados. À medida que a atitude coletiva avança com a globalização, esmaga a personalidade e a vida dos seres humanos vai se distanciando da sua individuação, acaba-se a liberdade de expressão e conduta pessoal. Tornando-se utópica a propriedade intelectual dos indivíduos, ele é forçado a gerar repetições para manter o padrão coletivo. Hoje um produto de expressão coletiva pode ser encontrado em prateleiras de lojas, tentando ser identificado por algum comprador que por acaso saiba qual o padrão da moda que foi estabelecido para a determinada época.


A NATUREZA CONSTROI CÓDIGOS

O PÁSSARO JARDINEIRO, UM GRANDE ARTISTA

A individualidade está se dissolvendo, num oceano de predominâncias estéticas conduzidas, não mais com um teor pessoal, porem acorrentando o criador-artista a uma contradição estúpida, transformando a arte em um ato vazio e sem conteúdo. A impregnância de códigos visuais nascida da ressonância da construção da forma está perdendo a sua vitalidade no “homem contemporâneo”, vai cedendo o seu espaço ao poder coletivo, sem deixar sinais de positividade para uma nova estética dos próximos tempos. O inconsciente coletivo modela o individuo por uma persuasão constante, impondo valores gerados por diversos canais de comunicação, onde o reforço são as atitudes de enganos partidas dos poderes oficiais que monopolizam o gosto e neutralizam a analise individual.  Já está evidente a falta de alternância dos ritmos estéticos, cessou a “mutação criativa” na arte contemporânea, a clonagem dos padrões é constante, principalmente nas expressões tidas como “arte conceitual”. Todo o ritmo desaparece, dando lugar a uma malha iconográfica seriada, que vem  estagnando a criação individual. Ainda não se sabe até que ponto a própria cognição cerebral suporta a intensa reincidência de ícones nos dias de hoje. 



A REPETIÇÃO SERIADA, VARIEDADE ZERO E CRIAÇÃO ZERO

NADA AQUI FOI CRIADO, APENAS APROPRIAÇÃO

O OBJETO SEM A PERSONALIDADE DO AUTOR


Vemos uma imagem pronta, exposta pela mídia, sendo automaticamente consumida, e de igual maneira o objeto industrializado produzido de forma padronizada sendo vendido todos os dias. Eles não são produções artística individuais, são muitas vezes, copias da quarta ou quinta geração de uma clonagem super estimulada pela mídia internacional. Quem foi o criador do objeto? Não se conhece! Pois, entre os estímulos visuais que denotam personalidade sobram apenas 1% de sinais desta fonte quase inexistente. A moda gera este fato, a preponderância do “padrão” cria esta relação de valores com uma personalidade de autoria quase imperceptível aos olhos. 



O PRODUTO DO PADRÃO GLOBAL

O PADRÃO QUE A MODA IMPÕE

Os moldes da arte contemporânea estão neste patamar, avolumam-se as replicas. Nos últimos anos em cada 30 mostras de “arte conceitual” exibidas em 5 países ao mesmo tempo, existe um relação icônica entre todas as obras destas mostras, sem nenhuma exceção. Apesar de serem de artistas diferentes e conterem temas diversos, o padrão coletivo assumido não desaparece, porque estas criações não foram partidas da expressão individual, nascida de dentro de cada artista, mas de um suposto modelo global padronizado para a “arte conceitual”. Instiga-se uma acomodação na criação artística, que vai aos poucos destruindo o próprio juízo do gosto. São vastas redes de repetição icônica, são como uma melodia numa só nota musical, assemelhando-se a uma sirene de uma ambulância, impede o prazer e apenas irrita os ouvidos. Da mesma maneira os “padrões visuais reincidentes” cansam a visão e aos indivíduos só restam uma saída, fechar os olhos ou induzir uma forte “desvalorização ao objeto artístico”, para que este não sature o interesse imagético quebrando a continuidade intelectual.


O AUTOR NÃO PRODUZIU, ERA UMA BRINCADEIRA, MAS OS IDIOTAS IMITARAM ATÉ HOJE


REPETIÇÃO SEM MAIS NADA, APENAS REPETIÇÃO


REINCIDENCIA INFINITA E NENHUMA PERSONALIDADE

O fato do esvaziamento do conteúdo artístico na arte contemporânea, depende do grau de aderência ao padrão global da moda estética, ele tende a aumentar a medida em que, os artistas contemporâneos ampliam a aceitação dos padrões oficiais. Está comprovado que, quando existe um isolamento em relação ao centro do império iconográfico oficial, a arte recomeça de forma natural, surgindo a partir de então um produto novo ou seja: “novas propostas”. A partir da primeira década do novo milênio, foram notadas em todo mundo, novas posições em relação a esta saturação global das artes plásticas, e começaram a surgir novas visões e um grande desejo de se libertar dos padrões do “império da moda contemporânea”. Muitos pontos de partida surgiram da própria tecnologia digital, dos designers de estórias de vídeo games e do cinema digital, pois atualmente está muito acentuado o realismo da figura humana nas novas obras de arte. Com o passar do tempo, a imagem figurativa vai crescendo e renascendo com grande intensidade.


LUIS ROYO, FIGURATIVO CONTEMPORÂNEO

LUCIAN FREUD, FIGURATIVO CONTEMPORÂNEO

VLADIMIR VOLEGOV, FIGURATIVO CONTEMPORÂNEO


CHELIN SANJUAN, FIGURATIVO CONTEMPORÂNEO

Apesar das noticias, sobre as mudanças dos rumos das artes plásticas, ainda temos muita perturbação na sensibilidade das pessoas, que sofrem com as imposições oriundas do “poder sobre o gosto”, erguido entre as décadas de 70 e 90. No Brasil essa desordem na forma artística, foi em grande parte resultante do uso indiscriminado dos “ready mades” como proposta artística, onde o objeto se confundia intensamente com o ambiente e os outros objetos de uso comum da sociedade.



 UM CRIANÇA É AFRONTADA MORALMENTE E A ARTE CONTEMPORÂNEA PASSA POR CIMA DA LEI DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NA BIENAL DE SÃO PAULO, E OS ARTISTAS CONCEITUAIS FICAM IMPUNES.

NINGUEM DA SOCIEDADE TEM OBRIGAÇÃO DE MATAR CHARADAS


UMA INSTALAÇÃO QUE NUNCA VAI SER BEM INTERPRETADA PELA SOCIEDADE


Desenvolveu-se uma corrupção da sensibilidade nos indivíduos, pois o nicho de onde surgiram estas regras eram de entidades com grande reputação sócio-cultural, porém não eram as entidades em si as causadoras do terrorismo ideológico, mas, dos indivíduos que por toda sorte de mecanismos acabavam se tornando presidentes, diretores, coordenadores e curadores destas instituições. A sociedade acabou por acreditar que a fonte era saudável, que as normas da “nova arte” eram as únicas formas para a expressão artística desde então, sentindo-se levada a seguir os padrões impostos pelas fontes supostamente de confiança. Sendo assim, ninguém ousaria contrariar as normas, pois elas diziam que a arte no Brasil só seria aceita se por acaso fosse feita nos padrões da “arte conceitual”.



A ARTE CONCEITUAL FAZENDO O PÚBLICO DE IDIOTA
              
Os conteúdos dos “ready mades”, não eram entendidos, as “charadas” eram postas em público, ninguém discernia e ninguém ousava ir contra a correnteza das idéias impostas. O publico perdeu o juízo do gosto, naquele momento, nada seria tão simples quanto fazer arte, pois colocar objetos em posições diferentes do comum, já insinuava a montagem de um “ready made”, uma “instalação” ou uma proposta de “arte conceitual”, de uma charada para se descobrir o conceito, que o próprio autor não tinha nem a mínima idéia de onde partiria. Anos se passaram, os “filhos” e os “netos” dos adormecidos no senso critico já defendem de unhas e dentes essas “parábolas vazias”. A repetição, a clonagem, a pirataria, a imitação, a copia, o plagio, são as formas mais usadas para se conseguir criar alguma forma de arte visual hoje, pois as escolas de Belas Artes foram destruídas e fechadas, para que a nova ordem tomasse a mente da sociedade. Uma vez lavados, os cérebros dos cidadãos e neles colocados os novos códigos de arte e estes tendo três gerações corrompidas, não resta mais nada a fazer, a não ser, esperar que o mal se dissipe por ele mesmo.


OBJETOS SEM CONTEÚDOS, APROPRIAÇÕES


REPETIÇÃO SERIADA


A REPETIÇÃO NÃO SIGNIFICA CRIAÇÃO


O plagio tornou-se uma forma de ensino no Brasil, o ensino das artes plásticas foi reformulado sem estudos mais profundos, muitos pesquisadores publicaram boas idéias para o ensino da “arte-educação” no primeiro grau, mas devido a falta de experiência, as metodologias foram aplicadas de forma confusa, os professores já não tinham o preparo necessário ao professor de arte, eles nunca praticavam arte, viviam apenas de teorias e atiravam no escuro e muitas vezes para cima onde a bala voltava para a própria cabeça. É lamentável, que tenha ocorrido isto no Brasil, boas teorias precisavam de bons interpretes e as pérolas foram jogadas aos porcos. A repetição icônica foi uma das causas da falta de conteúdo, o fazer artístico dentro do ateliê, a pratica constante foi negada, e formar artistas apenas com teorias só ampliou a destruição do significado da arte, gerou o emburrecimento da sociedade, criou uma idéia coletiva de que, fazer arte é fácil, é não fazer nada, é dar um jeitinho brasileiro, deixando na mente de muitos que: basta pensar que a arte aparece. Infelizmente o gênio da lâmpada não é real, é pura fantasia.


O ÍCONE DA DITADURA ARTISTICA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

OBRIGAR A PLAGIAR NÃO É ENSINAR ARTE

Para muitos, as coisas andam normalmente, mas para a mente humana a liberdade está menor do que há séculos atrás, a criação artística sofre constantemente com a condição única de raciocínio imposta pela mídia, a personalidade individual foi posta de lado, os meios de ensino estão sem poder acompanhar a velocidade da internet, a “ação objetiva da mente” está se sobrepondo ao “pensamento reflexivo” e as ordens de mudar as regras podem chegar inesperadamente e em poucos minutos os cérebros da sociedade assumem um novo padrão. Porém, as práticas da arte continuarão sendo as únicas formas de se alcançar o domínio dos conteúdos, a computação hoje se junta ao artista como uma ferramenta apenas, ela pode ou não ser usada, mas qualquer que seja a expressão artística ela segue esta seqüencia, “autor, matéria manipulada e visualização”, a criação tem que ser vivida pelo autor, se ele se apropria de qualquer objeto e aclama autoria, nada mais estará fazendo do que jogar o significado no abismo, “um grande vazio”, gerando uma metáfora demasiadamente obscura para a inteligência humana, ou de outra forma, criando fantasmas à luz do dia.


O AUTOR NUNCA EXISTIU: ARTE CONCEITUAL